Desventuras de Tardes Perdidas - Parte V


Quando os três terminaram de comer Hani apagou a fogueira e Dimitri recolheu as poucas tralhas que eles tinham espalhadas. Havia duas sacolas que deviam estar escondidas dentre as árvores quando eles a encontraram, e agora eles a amarravam na sacola.

-Vista isso – Dimitri lhe estendeu um casaco masculino azul escuro, com botões de bronze e abotoaduras nas mangas – Você esta ensopada, e a última coisa que eu quero é uma garota gripada.

Enquanto ele lhe passava o casaco, tomou-lhe a coberta, enrolando-a e amarrando-a a sacola em suas costas. Além das folhas, o sol já havia se posto e uma lua crescente brilhava no céu com poucas estrelas. Eles caminharam para dentro da floresta durante pelo menos duas horas. Os pés de Sarah ardiam, machucados pelos gravetos quebrados e pelas folhas que estavam começando a se secar. O cabelo estava duro, devido a água e a sujeira, e ela conseguia sentir seu próprio cheiro. Para onde quer que eles estivessem indo, ela realmente esperava que houvesse algo como um banho. Quando quase não conseguia mais caminha, uma parede de pedras surgiu diante deles e ela temeu estarem perdidos. Hani olhou para Dimitri, que olhava para o extremo de cada lado do paredão.

-Ali – ele disse, virando a esquerda e caminhando mais quinhentos metros.

Escondido na sombra das rochas e por plantas trepadeira, havia a entrada de uma caverna, ou de um túnel. Hani se mostrou satisfeito com a visão, e tomou a dianteira, afastando os ramos de planta e adentrando a escuridão sem medo algum. O mais velho lhe deu passagem cordialmente, e ela seguiu o primeiro. Não sabia para onde ia, sequer conseguia enxergar as paredes ao seu redor. A única coisa que sabia é que não haviam mais plantas no chão, e poucas pedras pequenas trombavam contra os seus pés descalços. Após vinte cinco minutos o som de vozes, música e passos agitados começou a vir da direção que eles caminhavam

-Estamos perto! – anunciou Hani, alegre.

Ela ouviu os passos dele se apressando e sentiu Dimitri ao seu lado, apressando-a. Os sons ficavam mais altos, e vozes começaram a se distinguir. Até que eles conseguiram ouvir frases completas e uma luz quente atacou o rosto da garota, que protegeu-o instintivamente. Piscou várias vezes, sentido as lágrimas que surgiam cuidadosas. Quando conseguiu abrir os olhos o que ela viu a deixou boquiaberta. Era como se tivessem cavado no meio das montanhas um lugar aconchegante para não muitas pessoas.

Era uma vila arredonda, com paredes do tamanho de edifícios cercando-as. Várias aberturas surgiam nessas paredes, de onde vinham e iam pessoas vestidas com roupas coloridas e espalhafatosas. A maior parte não usava sapatos, e as casas eram de madeira e sobre rodas, como carroças adaptadas. Algumas tendas abertas estavam montadas, e dezenas de pessoas circulavam ali, crianças, adultos e idosos; todos apressados e espalhafatosos.

-Seja bem vinda, estrangeira – disse Dimitri, um sorriso orgulhoso nos lábios travessos.

-Bem vinda à onde? – ela perguntou, virando a cabeça para todos os lados.

Ele riu gostosamente, sem se surpreender.

-Ora, bem vinda a Toca dos Ratos.









"Assisti, como se fosse espectador de min mesmo, à luta inútil que meu coração travou para não deixar-me seduzir por uma mulher que não pertencia ao meu mundo.  Aplaudi quando a razão perdeu a batalha, e a única alternativa que me restou foi entregar-me, aceitar que estava apaixonado." -Relatos de Minha Vida - [por min].
-Saudade de Ti Guria!


Meu nome não é Padero;

Comentários

Suzy Carvalho disse…
nao acompanhei a historia td pra ter uma opiniao, e sinceramente to com uma puta preguiça de ver os posts anteriores. malz =/
ascka disse…
Então, são ciganos eu suponho. hehehe
Ainda assim, me pareceu confuso se ela andentrou ou não um mundo mágico, em uma época diferente.
Essa parte: "Dez homens formavam-no, um sobre um cavalo e todos os outros a pé. Chapéus semelhantes àqueles usados por volta do século XV cobriam cabeças nas quais perucas brancas e antiquadas encontravam residências. O homem sobre o cavalo, além de pomposo e uma expressão de absoluto nojo em relação a tudo que o cercava carregava uma estranha bandeira que ela nunca havia visto antes."

Me deixou com a impressão de que sim, mas isso não voltou a ser comentado em nenhuma das outras partes.
Gosto da sua construção de personagens, talvez você pudesse forçar um pouco mais na descrição psicológica dos ciganos. E em suas motivações também. Porque eles sequestraram Sarah? Ela exerce sobre eles algum tipo de fascínio? Ela começa a confiar neles a partir de um certo momento, você poderia explorar mais as emoções que isso causa nela e neles...Bem, são só pitacos de leitora curiosa, hehehe.
humm ...
Ascka eu não me esqueci da parte da história que vc mencionou.
bom eu não diria que é um mudo magico, é só uma época diferente.
Bá, eles não sequestaram ela, só a levaram com eles, ela os seguil por não ter outra opsão. bom eu dira que ela irá sim confia neles , elias eles derão comida pra ela, rouoa seca...
A tu acerto são ciganos.lo/
que bom que voce ta gostando fico feliz.
Ronaldo disse…
Olha, gostei do estilo do blog, mas estou no serviço e é dificil conseguir ler tudo que postou...

tentarei voltar depois e ler tudo com tempo.
Unknown disse…
show! :D
ta ficando cada vez mais interessante
não para não, hein?
iago disse…
Olha padero, não acompanhei a história desde o começo, mas está muito bem escrita,essa parte que li parece interessante...vou voltar com calma e ler o começo!!!

Parabens pelo blog e continue sempre escrevendo...

abc

http://iagopatucci.blogspot.com
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