Desventuras de Tardes Perdidas - Parte VII






Saber que estava em pé diante da casa do possível líder daquele possível grupo organizado fazia-a se sentir ansiosa e desconfortável. Entrelaçava os dedos do pé, sobrepujando um seguido do outro. Arrancava a pele ao redor das unhas, mordiscava o canto dos lábios, tudo isso por ainda ter que esperar aquele maldito fanfarrão sair de dentro da casa do papai. Ela sabia com estava em pé sobre algo afiado e melindroso. Poderia estar tendo aquela sorte invejável de estar no lugar errado e na hora errada, mas ser encontrada pela pessoa certa, ou então estaria sofrendo daquele azar indiscriminado, podendo estar submetida não apenas ao encontro de três coisas erradas, como também todo um universo de artimanhas contra ela. Incrivelmente era muito mais simples avaliar a possibilidade do azar acima de tudo, do que a sorte nos cantos do prato.

Quando a porta se abriu e Dimitri a encarou novamente, ela não sabia o que fazer. Se estivesse em casa, segura pelas leis que conhecia, estaria despejando uma multidão de palavras impróprias e tapas superficiais, mas ali ela era uma estrangeira, que não conhecia nada, e ele...Bem, ele era o filho do chefe, né?

-E aí? – perguntou Hani, enquanto o amigoco colocava a bandana na cabeça.

-Ah, nada demais – ele estava descontraído, calhorda! Não custa nada ser direto, custa? – Quer que encontremos roupas, ela vai ficar na casa da sra. Diamantina e vai conversar com ele amanhã.

-Só isso? – Sarah não conseguiu se conter, e nem mesmo ficou vermelha quando os dois olharam-na.

-Você quer mais alguma coisa? – ele perguntou, debochado.

-Não! – ela se apressou em dizer. –Não, não... Parece...ótimo.

Dimitri riu do nervoso da menina, e novamente ela gostaria de estar em seu mundo, submetida às suas próprias regras. Mas não estava, pelo menos não aparentemente, então rendeu-se àquele destino momentâneo sem se debater mais.

-Vêm, eu te levo até a casa da Diamantina. Acho que vai gostar dela, é uma senhora que adora fazer as pessoas comerem... – ele e Hani riram, como se aquilo fosse para ser engraçado.

-Você por algum acaso esta me chamando de gorda? – Sarah perguntou, irritada.

-Ora, não seja presunçosa! Você não chega a ser gorda! Mas esta cheinha o suficiente para abrir o apetite de alguém com fome.

Ele falou como se aquilo fosse um elogio, mas ela sentiu o sangue ferver e desferiu um tapa sem pensar no ombro do rapaz. O som do tapa se ergueu no ar, tomando impulso e se lançando no chão seco. Ela estava furiosa e com lágrimas nos olhos. As lágrimas subiam de nível e as íris começaram a se afogar quando a água salgada vazou e ela virou de costas par aos dois. Nem Dimitri nem Hani sabiam o porque daquelas lágrimas, e nem mesmo ela saberia dizer porque se importara.

                                                                                                        








 "-Fiquei ali sentado naquela lanchonete por horas, com o único e verdadeiro herói que conheci, meu pai..." 
  Relatos de Minha Vida - 08/02/2010  
[por min]

Meu nome não é Padero;

Comentários

ascka disse…
Ah, muito curto. :(
Agora tem que postar a outra parte logo! :P
Unknown disse…
Já estava com saudades dos seus posts...
Vê se não fica tanto tempo longe!!!
Beijos....

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